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Foto do escritorRaquel Pereira

Quão fria foi a era do gelo?

Atualizado: 24 de nov. de 2021

A era do gelo mais recente atingiu o seu ponto alto durante o último máximo glacial há cerca de 20 000 anos quando enormes geleiras cobriram cerca da metade da América do Norte, Europa e América do Sul e muitas partes da Ásia.

era do gelo
Descoberta da temperatura global média do Último Máximo Glacial permite entender melhor a relação entre os níveis crescentes de dióxido de carbono atmosférico e a temperatura global média. Crédito: Unsplash/CC0

Um estudo, realizado por uma equipe da Universidade do Arizona, determinou que a temperatura média da última era do gelo, o último máximo glacial de 20.000 anos atrás, foi de cerca de 7,8 °C.

Essas descobertas permitem que os cientistas do clima entendam melhor a relação entre os níveis crescentes de dióxido de carbono atmosférico - um dos principais gases do efeito estufa - e a temperatura global média.


"Temos muitos dados sobre este período de tempo porque ele foi estudado por muito tempo", disse Jessica Tierney, professora associada do Departamento de Geociências da Universidade do Arizona. "

Mas uma questão que a ciência há muito tempo quer respostas é simples: quão fria foi a era do gelo?

O Último Máximo Glacial foi um período em que enormes geleiras cobriram cerca da metade da América do Norte, Europa e América do Sul e muitas partes da Ásia.

Tierney é a principal autora de um artigo publicado hoje na Nature que descobriu que a temperatura global média da era do gelo era 6ºC mais fria do que hoje. Para o contexto, a temperatura global média do século 20 foi de 14 °C.


"Em sua experiência pessoal, isso pode não parecer uma grande diferença, mas, na verdade, é uma grande mudança.", disse Tierney.

Saber a temperatura da era do gelo é importante porque ela é usada para calcular a sensibilidade climática, ou seja, o quanto a temperatura global muda em resposta ao carbono atmosférico. Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera durante a era do gelo eram de cerca de 180 partes por milhão, o que é muito baixo. Antes da Revolução Industrial, os níveis subiam para cerca de 280 partes por milhão e hoje chegam a 415 partes por milhão.

De acordo com Tierney, o Acordo de Paris queria manter o aquecimento global a não mais do que 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, mas com os níveis de dióxido de carbono aumentando do jeito que estão, seria extremamente difícil evitar mais de 2°C de aquecimento. Já temos cerca de 1,1 °C, mas quanto menos aquecermos, melhor, porque o sistema terrestre realmente responde às mudanças no dióxido de carbono.


Mapa que mostra as diferenças de temperatura entre a última era do gelo com o período pré-industrial. Fonte: Jessica Tierney.

Como não havia termômetros na era do gelo, Tierney e sua equipe desenvolveram modelos para traduzir dados coletados de fósseis de plâncton oceânico em temperaturas da superfície do mar. Então, eles então combinaram estes dados com simulações de modelos climáticos do Último Máximo Glacial usando uma técnica chamada assimilação de dados, que é usada na previsão do tempo. No futuro, Tierney e sua equipe planejam usar a mesma técnica para recriar períodos quentes no passado da Terra.


De acordo com Tierney, se pudermos reconstruir climas quentes do passado, então podemos começar a responder a perguntas importantes sobre como a Terra reage a níveis realmente altos de dióxido de carbono e melhorar nossa compreensão sobre o que as futuras mudanças climáticas podem trazer.

Por: Phys.org

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