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Foto do escritorRaquel Pereira

El Niño-Oscilação do Sul: o que é, como ocorre e seus impactos no Brasil?

O El Niño-Oscilação do Sul (ENOS) é um fenômeno que tem grande impacto sobre os padrões de pressão e chuvas tropicais e impacta o sistema de feedback oceano-atmosfera.


Temperatura superfície do mar.
Anomalia de TSM (temperatura da superfície do mar) do dia 14 de Fevereiro de 2022. Fonte: NOAA Coral Reef Watch.

O El Niño Oscilação Sul é um fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico Tropical e é uma combinação de dois fatores, sendo um deles oceânico e outro atmosférico.


A componente oceânica se refere às situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está: seja na fase quente (El Niño) ou na fria (La Niña). Cada fase do ENOS tem um efeito diferente no clima nos trópicos e na circulação geral, impactando, assim o clima em todo o mundo de forma diferente.


É determinado a fase ENOS pelas anomalias da temperatura da superfície do mar (mais quente / mais fria) na região ENOS 3.4 no Pacífico tropical.

A imagem abaixo mostra as regiões ENOS no Pacífico tropical. As principais regiões são 3 e 4 e, juntas, cobrem uma grande parte do Pacífico tropical. A maioria das análises e previsões são baseadas em uma combinação das regiões 3 e 4, vistas na imagem como a região Niño 3.4. A região 3 cobre o Pacífico tropical oriental, enquanto a região 4 cobre as partes central e ocidental.


Regiões ENOS
Regiões ENOS no Pacífico tropical. Fonte: Severe Weather.

A componente atmosférica é caracterizada pela alternância do campo de pressão atmosférica entre duas regiões: uma do Pacífico Leste e outra do Pacífico Oeste. Analogicamente como uma grande gangorra barométrica.


Quando a pressão no leste do Pacífico aumenta, a do oeste do Pacífico diminui, e vice-versa. O adjetivo “sul” da Oscilação Sul é porque seus dois centros de ação estão no Hemisfério Sul, mas influencia o campo de pressão globalmente por meio de teleconexões.



O Índice de Oscilação Sul (IOS) é utilizado para avaliar a fase da Oscilação Sul. Baseado na diferença entre a anomalia de pressão em Tahiti (representando o Pacífico Leste) e a de Darwin, norte da Austrália (representando o Pacífico Oeste), causando enfraquecimento ou intensificação dos ventos alísios sobre o Oceano Pacífico Equatorial. A diferença é padronizada pelo desvio padrão da série.


•IOS > 0 = ÁGUAS FRIAS = LA NIÑA


•IOS < 0 = ÁGUAS MAIS QUENTES = EL NIÑO


Pressão média anual durante os anos de 1958 até 1998.

O El Niño resulta da interação entre as camadas superficiais do oceano e a atmosfera sobreposta no Pacífico tropical. As condições que indicam a presença do Fenômeno El Niño são o enfraquecimento dos ventos alísios e o aumento da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial Leste.



Os ventos de superfície de baixo nível enfraquecem ou começam a soprar a partir da outra direção, isto é, de oeste para leste ao longo do equador. Como consequência, ocorre uma diminuição das águas mais frias que afloram próximo à costa oeste da América do Sul.


Para o Brasil, nos anos de El Niño há um aumento da concentração de chuvas na região Sul e a diminuição da precipitação no Norte e Nordeste devido ao enfraquecimento dos ventos alísios subtropicais quegeralmente auxiliam a distribuir a umidade. No sul, região subtropical mais próxima da formação dos alísios, a umidade permanece.


Índice de oscilação Sul (IOS).

A La Niña aparece quando ventos alísios de leste intensificam a ressurgência de águas mais frias das profundezas do Pacífico tropical oriental, causando um resfriamento em grande escala da superfície do oceano Pacífico oriental e central perto do Equador.


Esses ventos alísios mais fortes do que o normal também empurram as águas quentes da superfície equatorial para o oeste, em direção à Ásia e Austrália. Esse resfriamento dramático das camadas superficiais do oceano, então, afeta a atmosfera, modificando o teor de umidade no Pacífico.



Este acoplamento La Niña da atmosfera e do oceano altera a circulação atmosférica global e pode causar mudanças no caminho dos jatos de latitude média de formas que intensificam as chuvas em algumas regiões e traz a seca para outros.


A La Ninã influencia o Brasil de forma diferente. Por exemplo, ocorrem chuvas mais abundantes na Amazônia, com aumento na vazão dos rios e enchentes. No Nordeste, isso também significa maior precipitação. No Sul, as temperaturas sobem e há maior ocorrência de secas. No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis.



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