Os gases clorofluorcarbonetos (CFC), destruidores da camada de ozônio, serão mais liberados do que armazenados pelas águas oceânicas, prevê estudo.
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Pesquisadores norte-americanos concluíram que os oceanos, conhecidos por armazenarem gases clorofluorcarbonetos (CFC), estão agora começando a produzir essas substâncias destruidoras da camada de ozônio. Os resultados do estudo foram publicados na segunda-feira (15) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa, liderada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), aponta que pelo menos um tipo de gás CFC, chamado CFC-11, está saindo dos oceanos e alterando as concentrações atmosféricas, o que pode agravar o aquecimento global. A estimativa é que, até o ano de 2075, as águas oceânicas vão emitir mais desse gás para a atmosfera do que absorver.
A situação será tão crítica que as quantidades do poluente serão detectáveis até 2130. Isso porque as emissões vindas do oceano irão estender o tempo médio no qual o gás se perpetua, fazendo com que ele permaneça cinco anos a mais na atmosfera do que o esperado. Fora que, devido às mudanças climáticas, os oceanos produzirão os gases CFC cerca de 10 anos antes do que era previsto pelos cientistas.
![camada de ozônio](https://static.wixstatic.com/media/85c1ea_25626ae766e745bfbfe2ef8d74285848~mv2.gif/v1/fill/w_777,h_437,al_c,pstr/85c1ea_25626ae766e745bfbfe2ef8d74285848~mv2.gif)
Dessa forma, o papel de longa data das águas oceânicas como um sumidouro desses gases irá acabar. Essa péssima mudança é tão contrastante que pode até atrapalhar o trabalho dos cientistas. As emissões vindas do oceanos poderiam, por exemplo, ser facilmente confundidas com as que são feitas por países que desobedecem protocolos ambientais, segundo comenta em comunicado a coautora da pesquisa, Susan Solomon, do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT.
“Quando você chegar à primeira metade do século 22, terá fluxo suficiente saindo do oceano para que pareça que alguém está trapaceando no Protocolo de Montreal, mas, em vez disso, pode ser apenas o que está por vir fora do oceano”, alerta Solomon.
O CFC-11 costuma ser usado na fabricação de refrigerantes e espumas isolantes. Quando emitido para a atmosfera, ele desencadeia uma reação que acaba destruindo o ozônio, a camada atmosférica que protege a Terra da radiação ultravioleta prejudicial. Desde 2010, a produção e o uso do produto químico foram eliminados em todo o mundo sob o Protocolo de Montreal, um tratado global que visa restaurar e proteger a camada de ozônio.
Desde então, os níveis de CFC-11 na atmosfera têm diminuído constantemente, e os cientistas estimam que o oceano absorveu cerca de 5 a 10% de todas as emissões fabricadas. À medida que as concentrações continuam caindo na atmosfera, no entanto, prevê-se que o produto ficará supersaturado no oceano.
“Por algum tempo, as emissões humanas foram tão grandes que o que estava indo para o oceano era considerado insignificante”, diz Solomon. “Agora, enquanto tentamos nos livrar das emissões humanas, descobrimos que não podemos mais ignorar completamente o que o oceano está fazendo.”
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