Climatologicamente, o mês de março traz consigo muita chuva para o setor norte do Nordeste. Em 2022, após um fevereiro relativamente seco, as chuvas voltaram a cair de forma volumosa, especialmente sobre o Ceará e Rio Grande do Norte. De que forma a ZCIT colaborou para essas chuvas?
Os moradores do sertão do Ceará têm diversas práticas religiosas ligadas ao cristianismo, em especial ao catolicismo. Dentre essas práticas, algumas se relacionam com a Meteorologia, como o sincretismo do Dia de São José e o período de "inverno" em todo setor norte do Nordeste. Para os crentes, chuva até o dia de São José (19 de março) pode significar um bom período chuvoso. São José também é o padroeiro do Ceará. O inverno em questão refere-se ao período chuvoso que para essa região.
Porém, esta crença está longe de ser algo alheio, o mês de março é marcado pela migração da ZCIT para o sul e impacta diretamente na distribuição das chuvas não somente no Ceará, mas norte do Piauí, e também Rio Grande do Norte. Vale salientar que chuvas no dia de São José não significa necessariamente que as chuvas irão ocorrer dentro ou acima da média na região.
Como foram as chuvas em março de 2022 no setor norte do Nordeste?
Na capital Fortaleza, até o dia 20 de março, as chuvas já totalizam 276,8 mm segundo o INMET, a média de chuvas para o mês de março para a cidade é de 324 mm, estando assim bem próxima de atingir a média. Já no mês de fevereiro, as precipitações ficaram 45% abaixo da média no estado do Ceará segundo a FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos). Essas chuvas também foram responsáveis por alagamentos em Fortaleza e no interior do estado.
Essas chuvas foram responsáveis pela recuperação de alguns reservatórios, com 15 açudes com capacidade superior aos 90% e apenas 9 vertendo (sangrando). Apesar da melhora, infelizmente a maioria dos açudes se encontram com seus volumes muito baixos. O açude do Castanhão se encontra com 9% de sua capacidade, o Orós com 23% e o Banabuiú com 8%. Esses reservatórios são importantes para o abastecimento da população, para a agricultura, pesca e até turismo nos açudes.
Apesar disso, as chuvas seguem ocorrendo e isso poderá melhorar esse quadro, visto que o período de chuvas ocorre até maio, podendo se prolongar até junho em casos esporádicos.
No Rio Grande do Norte, as chuvas de março vieram de maneira regular espacial e temporalmente, o que fez a alegria de muitos moradores em especial de áreas do Sertão e Agreste do estado. A maioria dos municípios registraram chuvas superiores aos 40 mm.
Em algumas localidades, caso de Poço Branco, a chuva foi de 211 mm em 24 horas. Cabe citar Natal, capital do estado que registrou mais de 250 mm de chuva no dia 06 em algumas horas, mas essas chuvas foram causadas por outro fenômeno atmosférico. Essas chuvas foram importantes para a agropecuária e o abastecimento da população.
Observando o mapa acima é possível visualizar que no Nordeste, o norte da região foi a que mais choveu, em especial, Maranhão, Piauí e a costa do Ceará e Rio Grande do Norte. Isso ocorreu devido a atuação da ZCIT durante vários dias de maneira direta ou indireta sobre esses estados, colaborando para a distribuição das chuvas nestas localidades, estando dentro dos padrões normais para o período. A temperatura do Atlântico mais quentes nesta região está colaborando com a ocorrência das chuvas. No mês de março e abril ocorre o máximo de precipitação nesta região e que também está ligado a atuação da ZCIT.
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